Devocional Diário - Descobertas da fé
O PROBLEMA É O OUTRO
Por que você vê o cisco no olho do seu irmão, mas não repara na trave que está no seu próprio olho? Lucas 6:41
Certa vez, ouvi dizer que o sermão tem dois tipos de ouvintes: os que são pá e os que são enxada. O ouvinte enxada é aquele que pega tudo o que foi dito para si, e o ouvinte pá é aquele que joga tudo para o outro. Frases como “Ah, se fulano estivesse aqui para ouvir isso” ilustram essas atitudes.
Jesus chocou os “certinhos demais” ao dizer que pessoas de má reputação estariam à frente deles na fila do Céu. “Em verdade lhes digo que os publicanos e as prostitutas estão entrando no reino de Deus primeiro que vocês” (Mt 21:31). Imagine dizer a um grupo de cristãos conservadores que garotas de programa e políticos corruptos estão mais perto de se converter do que eles!
Jesus não estava endossando as coisas erradas que as pessoas faziam. Sua comparação ia em outro sentido. Um ditado daquele tempo dizia que, se um publicano se arrependesse, não poderia ser perdoado, porque seria impossível ressarcir a todos que roubou. Mas os legalistas que diziam isso apreciavam a presença dos reprováveis em seu meio, pois, como as faltas deles eram evidentes, ficava fácil cometer delitos menos chamativos e ainda parecer mais santo que os demais.
De fato, existem crentes que se acomodam em seus próprios erros ao verem gente “pior” que eles. Enganam-se ao pensar que não serão condenados porque acreditam que Deus tenha crimes mais graves com os quais lidar. Até em questões comuns são peritos em culpar os outros: “O uber estava muito devagar”, em vez de admitirem o atraso, ou “o forno não funciona bem”, em vez de reconhecerem que esqueceram o jantar no fogo.
Colocar a culpa em algo externo pode trazer alívio momentâneo, mas não produz arrependimento nem cura para a alma. Desde o Éden, temos a tendência de procurar a culpa fora de nós. Se estamos certos, o mérito é nosso, mas, se algo deu errado, a culpa é do outro. Essa mentalidade nos faz pensar que estamos isentos do juízo de Deus.
Somente quando paramos de condenar os outros e olhamos para nós mesmos é que damos ao Espírito Santo a oportunidade de nos convencer do pecado, da justiça e do juízo. Aí sim, poderemos ser salvos e conseguiremos amar o irmão, que é tão pecador quanto nós.
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