segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Petricor

 Devocional Diário - Vislumbres da Eternidade

1° de dezembro

Petricor

[Jacó] se aproximou e o beijou. Então [Isaque] aspirou o cheiro da roupa dele e o abençoou. Ele disse: “Eis que o cheiro do meu filho é como o cheiro do campo, que o Senhor abençoou.” Gênesis 27:27


Nossas memórias mais profundas e íntimas são permeadas de cheiros, aqueles que nos fazem reviver momentos especiais. O perfume dos pãezinhos da infância durante as férias, o aroma das rosas de pétalas grossas na Semana Santa, o das flores de laranjeira e o da grama recém-cortada. O cheiro do mar e o dos bosques de pinheiros. E, acima de todos, o petricor – aquele aroma único que emana quando a chuva cai sobre o campo, o famoso “cheiro de terra molhada”, uma fragrância que traz consigo uma sensação de plenitude e felicidade.

Para Isaque, o petricor era uma reminiscência de sua vida nômade, quando as chuvas traziam vida aos campos ressequidos, os pássaros voltavam a cantar e a paisagem explodia de cores e flores. O cheiro de seu filho Jacó (disfarçado de Esaú) era o de seus sonhos como peregrino. E ele não pôde resistir e se pôs a abençoar. A lembrança saudável de experiências pessoais com Deus produz o mesmo efeito em nós.

Pode ser que o petricor, no final das contas, seja apenas uma lembrança latente de nosso lar original, o Éden. Os galegos têm uma palavra de difícil tradução que faz referência a essa nostalgia pela terra distante à qual desejamos voltar. Chamam isso de morriña. O petricor desperta em cada um de nós a morriña do paraíso, daquele jardim regado todas as manhãs pelo orvalho, onde podíamos caminhar lado a lado com o Criador.

Não fomos feitos para viver entre concreto e asfalto. Não é da nossa natureza habitar entre alumínio e cerâmica. Somos da terra, pessoas sujeitas às inclemências da natureza, mas que sabem que Deus pode dominá-las para o nosso bem. Somos seres que apreciam as belezas naturais, pois isso é natural para nós. Seres que têm lembranças de casa e que, com toda a saudade do mundo, anseiam voltar para ela.

Que o petricor continue a nos transportar para nossas lembranças mais profundas, para o lar original do qual viemos e para onde um dia esperamos retornar. Que nossas memórias mais íntimas nos façam viver à luz daquela terra de glória em que nunca estivemos, mas da qual morremos de saudade. Já posso sentir o aroma daquele magnífico lugar!

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