Lendo a Bíblia de Gênesis a Apocalipse
Leitura Bíblica – Salmos 88
Comentário: Pr. Heber Toth Armí
SALMO 88 – Nestas palavras sagradas, inspiradas pelo Espírito Santo, escritas pelo ezraíta Hemã, contêm uma das lamentações mais intensas e sombrias encontradas nas Escrituras. Diferentemente dos outros Salmos de lamento que oferecem alguma luz no fim do túnel, este termina em trevas totais.
O Salmo 88 expressa dor, angústia e sofrimento. Do começo ao fim, seu conteúdo permanece num sombrio tom desesperador. É o registro claro e real, sem maquiagem ou hipocrisia. É um retrato pungente do sincero e puro desespero humano, que oferece uma oportunidade de reflexão profunda sobre a natureza nua e crua do sofrimento; mas não para por aí, pois o Salmo é uma oração em meio à escuridão pautada na descarada sinceridade e honestidade diante do Deus que nos conhece de fato e de verdade.
O suplicante expõe o coração desesperado diante do Senhor, sentindo seu clamor sendo ignorado. O Céu permanece silente diante da alma em turbilhão constante. O autor descreve sua vida como afundando no abismo e chegando ao limite de suas energias, percebendo-se próximo à morte; sente-se isolado, abandonado e até rejeitado por Deus e também pelas pessoas ao seu redor – tudo isso torna a dor ainda mais intensa, bem pior.
Nos versículos 6 e 7, o Salmo 88 fornece metáforas poderosas para descrever o sofrimento, comparando-o a águas profundas, às ondas avassaladores e á escuridão. Estas imagens retratam a imensidão do desespero, uma sensação de estar sobrecarregado por inúmeros problemas, sem ver qualquer solução ou saída.
Para piorar, é sentir como sendo o próprio Deus o causador de tamanha dor (Salmo 88:6-9). É horrível sentir como sendo colocado no sepulcro e abandonado por Deus (Salmo 88:1-5). Essa é uma dolorosa expressão de profundo desconforto espiritual, onde o autor inspirado parece sentir-se clamando a Deus por ajuda sem qualquer resposta (Salmo 88:10-14).
O Salmo encerra sem reviravolta positiva. Não há momento de triunfo, cura ou vitória; nem mesmo esperança. A alma cessa seu grito angustiante, reforçando a sensação de solidão sufocante. O suplicante não esconde absolutamente nada, deixando claro não compreender a razão de tanto sofrer (Salmo 88:15-18).
Este Salmo desafia a crença tradicional de que orações produzem curas, resoluções ou alívios. Ele destaca a importância de ser transparente com Deus ao expor nossas mazelas do coração... – Heber Toth Armí.
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