Meditação Diária
Sábado,11 de setembro
TERRA ESTÉRIL, TERRA FÉRTIL
Também Isabel, sua parenta, terá um filho na velhice; aquela que diziam ser estéril já está em seu sexto mês de gestação. Lucas 1:36, NVI
Ao longo da história, muitas meninas receberam o nome de Isabel, derivado do hebraico Elisheva, ou suas variantes. Nenhuma delas, porém, teve uma história como a da Isabel do Novo Testamento, esposa de Zacarias, sacerdote do templo de Jerusalém. Assim como todas as mulheres do país, seu sonho era segurar um bebê nos braços. Contudo, o tempo deixou claro que ela teria de viver com uma humilhação. Isabel não era apenas infértil, tendo dificuldade para gerar filhos, mas sim estéril, sendo incapaz de gerá-los.
Nos tempos bíblicos, a esterilidade era vista como um problema feminino. Significava que a “terra” onde o homem depositava sua “semente” era improdutiva e, portanto, inútil. Sinônimos de bênçãos, os filhos eram promessas de continuidade. Sua ausência era sinal de maldição. Sem herdeiros, as propriedades passariam para outras mãos, e o status da família poderia desaparecer. Em hebraico, a palavra “estéril” é aqar, a mesma raiz de “desenraizar”, “cortar”, “extirpar”, “erradicar”. Em certo sentido, a pessoa estéril não tinha raiz. Impotente e alienada, ela perdia a identidade e finalmente tornava-se ninguém. Seu nome se perderia na memória das gerações futuras.
A cada mês, Isabel reiniciava o ritual de esperança/desespero. No início de seu ciclo, energizada pelo estrogênio, a esperança lhe dizia que, dessa vez, ficaria grávida. Porém, no fim do ciclo, nenhum sintoma aparecia, e a progesterona trazia o desespero de volta. Isabel pensava em si mesma e no marido. Na próxima geração, não haveria um representante da família para exercer o sacerdócio. Silêncio em casa, silêncio no templo. Roupas no guarda-roupa, poeira nos móveis. Por culpa dela, haveria uma brecha na genealogia, um elo ausente na corrente, uma falha na transmissão do DNA, uma história sem sequência.
Como quebrar a maldição? Sem clínicas de fertilização, Isabel viajava no tempo. As histórias de Sara, Rebeca, Raquel e Ana passavam pela sua mente, reforçando o temor e despertando a esperança. Será que Deus se lembraria dela? Isabel deve ter chorado um milhão de lágrimas.
Então chega um mensageiro celestial. Com resplendor nas vestes, brilho nos olhos, alegria nos lábios, boas-novas na voz, ele anuncia um bebê. Não um bebê comum, mas o precursor do Messias. Inacreditável! Explosão de louvor. Fim da vergonha. Milagre na velhice. Isabel reconhece: “Isto é obra do Senhor” (Lc 1:25, NVI). E o anjo Gabriel observa: “Nada é impossível para Deus” (v. 37). Sim, Deus pode transformar terra estéril em terra fértil.
Marcos De Benedicto, 8/5/2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário