Refletindo em Isaias 6
"Eis-me aqui, envia-me a mim”
Pr. Albino Marks
“Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que disse: A quem
enviarei, e quem há de ir por nós: Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim”. –
Is. 6:8.
O profeta Isaías, ainda jovem, é chamado por Deus para uma
obra tremendamente árdua, espinhosa. A nação vivia sob a ameaça de uma invasão
Assíria. O rei Uzias, que reerguera a nação estava vivendo seus últimos
momentos.
Possuindo um bravo e bem organizado exército, o rei Uzias
reconquistou diversos territórios perdidos no passado. Reedificou cidades,
reviveu o comércio fortalecendo financeira e economicamente a nação. Declara o
relato bíblico que a “sua fama estendeu-se até a fronteira do Egito, pois havia
se tornado muito poderoso”. – II Crôn. 26:8 – NVI.
A prosperidade material trouxe o declínio do poder
espiritual e o serviço de adoração caiu para o formalismo. Desafiando a lei
sacerdotal, Uzias tentou entrar no santuário “para queimar incenso no altar de
incenso”. – II Crôn. 26:16 – NVI. Oitenta sacerdotes o repreenderam severamente
e unidos se opuseram ao intento do rei. A ira enrubesceu as suas faces, que se
julgara ultrajado em sua autoridade de governante temporal.
Súbito a testa do rei torna-se lívida, alva. A lepra
começara a sua obra letal. O outrora forte líder político e militar, agora jaz
proscrito e vivia isolado da sociedade. O futuro da nação mostrava-se negro e
incerto.
Foi nestas circunstâncias espirituais, políticas e
sócio-econômicas da nação de Judá que Isaías recebeu o chamado de Deus para
desempenhar a tarefa de reconduzir o povo no retorno à submissão de Deus e de
Seus princípios de conduta.
AI DE MIM – O longo e próspero reinado de Uzias chegou ao
fim de maneira desalentadora sob a ação da lepra mortal. Justamente no ano da
morte do rei é concedida ao profeta uma visão do trono de Deus em frisante
contraste com as condições do declínio espiritual de Judá.
Serafins em reverente adoração exaltavam em permanente
louvor a santidade e a glória de Deus. Ouve-se o triságio: “Santo, santo, santo
é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia de Sua glória”. – Is. 6:3 –
ARA.
“Contemplando Isaías esta revelação da glória e majestade de
seu Senhor, sentiu-se oprimido com o senso da pureza e santidade de Deus. Quão
saliente o contraste entre a incomparável perfeição de seu Criador, e a conduta
pecaminosa dos que, como ele, havia muito foram contados entre o povo escolhido
de Israel e Judá”. – PR. pág. 307.
A exclamação brota espontânea: ”Ai de mim! Estou perdido!
Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros
lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos”. – Is. 6:5 – ARA.
Quão descritiva é a linguagem do profeta: “Um homem de
lábios impuros, povo de impuros lábios”. O rei morrendo de lepra era um
espantoso símbolo da impureza da nação, num impressionante contraste com a
pureza e majestade do Rei dos Céus.
Aterrorizado, Isaías humilhou-se até o pó, sentindo o
terrível senso de culpa. “Ai de mim! Estou perdido!”, exclamou angustiado.
Praza aos céus que cada um nós, neste tempo de tanta
depravação pecaminosa, sinta o poderoso impacto da mensagem da sanidade, pureza
e glória de nosso Criador. Que humildes e contritos supliquemos perdão e
purificação.
A TUA INIQUIDADE FOI TIRADA – A Almeida Revista e Corrigida
traduz: “Ai de mim, que vou perecendo”. Contemplar a glória de Deus transmitia
o senso de morte, porque o pecaminoso não pode subsistir na presença do santo e
glorioso.
“Subitamente pareceu-lhe que o portal e o véu interior do
templo eram levantados ou afastados, e foi-lhe permitido olhar para dentro,
sobre o santo dos santos, onde nem mesmo os pés do profeta podiam entrar. Ali
surgiu ante ele a visão de Jeová assentado em Seu trono alto e sublime,
enquanto o séqüito de Sua glória enchia o templo. De cada lado do trono
libravam serafins, as faces veladas em adoração”. – PR. pág. 307.
Sentindo a sua própria pecaminosidade e os pecados da nação,
o profeta sentiu toda a sua insuficiência ante a grandeza do desafio de
advertir os pecadores impenitentes e rebeldes, e não conseguia ver luz, como
assumir o dever de comprometer-se com tamanha missão.
Mas um dos serafins trouxe uma brasa viva, e aos lábios do
profeta foi aplicado o sagrado fogo do sublime altar do Céu, com a promessa:
“Veja, isto tocou os seus lábios; por isso, a sua culpa será removida, e o seu
pecado será perdoado”. – Is. 6:7 – NVI.
Que transformação maravilhosa se operou! Aquele jovem
tímido, pequeno aos próprios olhos é revestido com poder divino. Ao ouvir o
chamado: “Quem há de ir por nós?” Responde pronto: “Eis-me aqui, envia-me a
mim”. – Is. 6:8 – ARA. E exerce um longo e profícuo ministério de sessenta
anos.
“Através de sua longa
e árdua missão ele levou consigo a lembrança desta visão. Durante sessenta anos
ou mais ele permaneceu diante dos filhos de Juda como um profeta de esperança,
tornando-se cada vez mais ousado em suas predições do futuro triunfo da
igreja”. – PR. pág. 310.
“Em pé, por assim
dizer, na plena luz da divina presença do santuário, ele sentiu que se deixado
a sua própria imperfeição e ineficiência, seria inteiramente incapaz de levar a
êxito a missão para a qual havia sido chamado. Mas um serafim foi enviado para
libertá-lo de sua angústia, e capacitá-lo para a sua grande missão”. – PR. pág.
308.
“EIS-ME AQUI, ENVIA-ME A MIM” – Tocado pela brasa viva e
ardente do fogo do Espírito Santo, o profeta esqueceu todas as suas debilidades
e incapacidades. Quando ouviu a voz do Senhor fazendo o chamado: “Quem
enviarei? Quem irá por nós?” O profeta não titubeou, não teve nenhum momento de
incerteza e indecisão, mas respondeu determinado, decidido: “Eis-me aqui.
Envia-me a mim!”
“Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que
vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos Céus.” – Mat.
5:16
É agora, neste tempo de pecados ousados e de trevas
espirituais que o mundo precisa ouvir o amoroso convite de Deus. Somos um povo
que precisa testemunhar por palavras e por exemplo, somos um povo distinto, um
povo que ama a Jesus. “É o Espírito Santo, o Confortador, que Jesus disse
enviaria ao mundo, que muda o nosso caráter à imagem de Cristo; e quando isto é
realizado, refletimos, como por espelho, a glória do Senhor”. – MM. 1974, pág.
244.
O CHAMADO DE ISAÍAS – Já analisamos as circunstâncias em que
aconteceu o chamado de Isaías. Um rei que perdeu o senso de sua liderança
espiritual e um povo envolvido pela impureza moral e a apostasia espiritual.
Nesse contexto as orientações de Deus podem ser
compreendidas em dois sentidos. Deus está dizendo para o profeta que ele vai
confrontar-se com um povo cujos ouvidos se tornaram surdos para ouvir a voz de
Deus; o coração insensível para sentir as demonstrações do amor de Deus; os
olhos cegos para ver as maravilhas operadas por Deus em seu favo. A este povo
ele deve fazer o seu apelo para que retornem a Deus.
Em segundo sentido Deus está dizendo que a maldade do povo
tornou-se tão grande que o fim como nação está próximo. Ele devia anunciar a
ruína de Israel e Judá em conseqüência de seus pecados e sua infidelidade para
com Deus. Ele proclamaria suas mensagens, mas elas não seriam entendidas. O
coração estava endurecido, obstinado o ouvido.
Em verdade, Israel foi dominado pelos assírios já em meados
do ministério do profeta, no ano 721 a. C . “Então o Senhor se indignou muito
contra Israel e os expulsou da sua presença. Só a tribo de Judá escapou, mas
nem ela obedeceu aos mandamentos do Senhor, o seu Deus. Seguiram os costumes
que Israel havia introduzido”. – II reis 17:18 de 19 – NVI.
Esta talvez seja uma compreensão mais coerente das ordens de
Deus em face das circunstâncias de dureza e rebeldia do povo.
A importante lição para nós é, como estamos reagindo ante as
advertências dos mensageiros de Deus em nossos dias? Como estamos aceitando as
orientações de Sua Palavra que “permanece para sempre”. – Is. 40:8.
( adaptado)
Fonte:http://igrejaadventista.org/licao-13-eis-me-aqui-envia-me-a-mim-o-profeta-isaias/
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